quarta-feira

phármakon


do chão
à mesa
do copo
ao açúcar
dando voltas
no meu café
abismo surdo
não contaminada a sorte
marginais no escuro paraíso
circuladas à beira da xícara
a morte é o estímulo da vida
         formigas for irich coffe

contratempo

afundou-se a convite
uma rua vazia é somente
a metade de um ofício 
ou um desvio
perder o fio do caminho
onde vivo como quem
sem aviso ainda
anda o mundo vazio 
de faíscas sem volta
esvaída:
sou a viagem que
 pegou um atalho
mergulhado no riso
um risco entre
 tantas doçuras
para quem os sabores
mentem sabores, portanto
enchi de luzes
os calcanhares
de meu caderno
meus sapatos apertados 
são sonhos preenchidos
caminho solta salto
desafio hálitos, rabisco
um esboço do que poderia 
ter sido cuspido na multidão 
sem o mínimo ciso 
abaixo dos meus pés
está a fuga do tempo fixo
que seja este meu tempo mágico
 sem charme azedo 
dos corações simétricos


segunda-feira

prazer, encantada



a composição que me remove
atinge a fixa rotina da saliva
palavra incontida no sentido
revira amarga mas feita de alívio

um avesso que vai nos repetir 
ao sabor de alguns nomes mortos
te dissolver-me em disfarces tortos 
se as horas são poças de cinzas 

um impulso do gosto atravessa meus dedos
rasgos ou riscos contornam ombros e seios
por isso, minha amiga, a palavra refletida
se retira, ainda que se encontre nítida 
algo já não cabe debaixo dos rabiscos






Quem?

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Vila Velha, ES, Brazil
linde de sua palavra

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