uma rua vazia é somente
a metade de um ofício
ou um desvio
perder o fio do caminho
onde vivo como quem
sem aviso ainda
anda o mundo vazio
de faíscas sem volta
esvaída:
sou a viagem que
pegou um atalho
mergulhado no riso
um risco entre
tantas doçuras
tantas doçuras
para quem os sabores
mentem sabores, portanto
enchi de luzes
os calcanhares
de meu caderno
meus sapatos apertados
são sonhos preenchidos
caminho solta salto
desafio hálitos, rabisco
um esboço do que poderia
ter sido cuspido na multidão
sem o mínimo ciso
abaixo dos meus pés
está a fuga do tempo fixo
que seja este meu tempo mágico
sem charme azedo
dos corações simétricos