segunda-feira

SOTERRADOS

Eu como o ar que está cheio de promessas. 
(Hamlet, ato III, cena II)


falar é a marca da separação. 

a palavra não é desejada
se há sangue para paisagens
passam os olhos o foco que atua
somente um grão: semeia silêncio
resta a pequena luz retida na carne
devorada nos movimentos

 a terra que se fecha se abre
 infatigável, seu recinto se confunde 
 ao céu oco e faminto
 por lá, nem tanto ao fundo
 toda escuridão recua
 as estrela são fixas

Este é o meu trabalho 
quem há de beber as lágrimas 
dos meus olhos?
compartilhar minhas risadas ingratas?
é a cena de nossos gestos
entrelaçados
estamos por baixo
pois quem escreve soterrado
é de uma quietude previsível

           
           ouvi dizer que pessoas culpadas, 
           quando assistem uma peça,
           ficam abaladas com a beleza da cena, 
           que são levadas a confessar seus crimes em voz alta.






Quem?

Minha foto
Vila Velha, ES, Brazil
linde de sua palavra

Arquivo do blog

a singrar